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O impacto do preconceito: Uma investigação sobre a discriminação racial, étnica, de gênero e socioeconômica na sociedade contemporânea

THE IMPACT OF PREJUDICE: AN INVESTIGATION INTO RACIAL, ETHNIC, GENDER AND SOCIOECONOMIC DISCRIMINATION IN CONTEMPORARY SOCIETY

EL IMPACTO DEL PREJUICIO: UNA INVESTIGACIÓN SOBRE LA DISCRIMINACIÓN RACIAL, ÉTNICA, DE GÉNERO Y SOCIOECONÓMICA EN LA SOCIEDAD CONTEMPORÁNEA

Yorrany Martins Braga¹ Bacharelando em Psicologia

Resumo

A Psicologia Social estuda como a presença de outras pessoas influencia nossos pensamentos, sentimentos e comportamentos. O preconceito é uma atitude negativa em relação a um indivíduo ou grupo baseada em características percebidas. Teorias como a Teoria da Identidade Social e a Teoria do Bode Expiatório explicam como o preconceito surge e persiste. Normas sociais e influências culturais também podem perpetuar o preconceito. No entanto, a educação, a exposição a diferentes grupos e intervenções institucionais podem ajudar a combater o preconceito.

Palavras-chave: Psicologia Social, Preconceito, Educação, Empatia e Intervenções institucionais.

Summary

Social Psychology studies how the presence of other people influences our thoughts, feelings and behaviors. Prejudice is a negative attitude toward an individual or group based on perceived characteristics. Theories such as Social Identity Theory and Scapegoat Theory explain how prejudice arises and persists. Social norms and cultural influences can also perpetuate prejudice. However, education, exposure to different groups, and institutional interventions can help combat prejudice.

Keywords: Social Psychology, Prejudice, Education, Empathy and Institutional interventions.

Resumen

La Psicología Social estudia cómo la presencia de otras personas influye en nuestros pensamientos, sentimientos y comportamientos. El prejuicio es una actitud negativa hacia un individuo o grupo basada en características percibidas. Teorías como la teoría de la identidad social y la teoría del chivo expiatorio explican cómo surge y persiste el prejuicio. Las normas sociales y las influencias culturales también pueden perpetuar los prejuicios. Sin embargo, la educación, la exposición a diferentes grupos y las intervenciones institucionales pueden ayudar a combatir los prejuicios.

Palabras clave: Psicología Social, Prejuicio, Educación, Empatía e Intervenciones Institucionales.

Introdução

Este artigo aborda o complexo fenômeno do preconceito na sociedade, analisando-o através da perspectiva da Psicologia Social. A Psicologia Social, como campo de estudo, se concentra em como os pensamentos, sentimentos e comportamentos dos indivíduos são moldados pela presença real, imaginada ou implícita de outros. Neste contexto, o preconceito – uma atitude negativa ou aversão a um indivíduo ou grupo com base em características percebidas – é um tópico de interesse significativo.

Neste artigo, exploraremos a natureza do preconceito, suas origens e os mecanismos pelos quais ele persiste na sociedade. Discutiremos teorias como a Teoria da Identidade Social e a Teoria do Bode Expiatório, que fornecem insights sobre como e por que o preconceito se desenvolve.

Além disso, este artigo também se concentrará em estratégias eficazes para combater o preconceito. A educação é uma ferramenta poderosa nesse aspecto, capaz de quebrar estereótipos e promover a compreensão. A promoção da empatia – a capacidade de entender e compartilhar os sentimentos dos outros – também é fundamental para combater o preconceito.

Finalmente, discutiremos a importância das intervenções institucionais no combate ao preconceito. Reconhecendo que o preconceito muitas vezes se enraíza nas estruturas da sociedade, é crucial abordar essas questões em um nível sistêmico.

Metodologia

A metodologia de revisão literária neste artigo é justificada por várias razões. Primeiro, ela permite que nos baseemos no conhecimento existente no campo da Psicologia Social, o que nos ajuda a entender o que já foi estudado e descoberto sobre o preconceito na sociedade. Segundo, ao revisar a literatura existente, podemos identificar lacunas na pesquisa atual. Isso pode nos ajudar a direcionar nosso próprio estudo para áreas que ainda não foram exploradas ou compreendidas completamente. Terceiro, a revisão literária nos ajuda a contextualizar nosso estudo dentro do campo mais amplo da Psicologia Social. Isso nos permite ver onde nosso trabalho se encaixa em relação a outros estudos sobre o preconceito. Por fim, ao referenciar trabalhos anteriores, demonstramos a credibilidade e o rigor de nosso próprio trabalho. Isso é especialmente importante em um campo acadêmico como a Psicologia Social, onde a precisão e a validade das informações são cruciais.

O livro “An Introduction to the Psychology of Prejudice” [1] é uma escolha valiosa para o referencial teórico deste artigo por várias razões. Primeiro, ele oferece uma visão abrangente do preconceito na sociedade, o que é crucial para a compreensão profunda deste fenômeno complexo. Segundo a teoria cognitivo-motivacional de ideologia e preconceito apresentada no livro fornece um quadro teórico robusto para entender as raízes psicológicas do preconceito. Esta teoria sugere que o preconceito é uma combinação de julgamentos negativos, crenças e sentimentos sobre as pessoas por causa de sua associação a um grupo social.

Além disso, o livro desafia a definição tradicional de preconceito como “uma antipatia baseada em uma generalização falha e inflexível”. Ele argumenta que essa definição é incompleta e destaca a importância de reconhecer atitudes padronizadoras que posicionam um grupo como mais fraco do que o outro e em necessidade de proteção (como o sexismo benevolente) como formas eficazes de manter a desigualdade. Isso amplia nossa compreensão do preconceito e destaca a necessidade de abordagens multifacetadas para combatê-lo.

Um aspecto importante do preconceito que é frequentemente negligenciado é a ideia de que ele pode surgir não apenas como resultado do ódio ao grupo externo, mas também por causa do amor ao grupo interno. Como Sibley e Barlow observam,

“O preconceito pode surgir não apenas como resultado do ódio ao grupo externo, mas também por causa do amor ao grupo interno. No entanto, eles podem às vezes ter um efeito mais poderoso na difusão da resistência à desigualdade e hierarquia e legitimar a violência e a opressão por causa do fato de que parecem cuidar ou estão focados na preservação do grupo interno, em vez de hostilidade anti-grupo externo aberta.” (SIBLEY; BARLOW, 2016, p.10)

Esta perspectiva oferece uma nova maneira de entender a complexidade e as nuances do preconceito na sociedade.

O livro destaca que a disparidade pode surgir não apenas como resultado do ódio ao grupo externo, mas também por causa do amor ao grupo interno. Isso nos lembra que o preconceito é um fenômeno complexo que não pode ser reduzido a simples ódio ou medo.

O livro apresenta uma teoria cognitivo-motivacional de ideologia e preconceito, sugerindo que o preconceito é uma combinação de julgamentos negativos, crenças e sentimentos sobre as pessoas por causa de sua associação a um grupo social. Essa teoria pode ser aplicada ao contexto da sociedade brasileira, que é marcada por profundas desigualdades raciais, étnicas, de gênero e socioeconômicas.

Por exemplo, a ideia de que o preconceito pode surgir não apenas como resultado do ódio ao grupo externo, mas também por causa do amor ao grupo interno, é particularmente relevante no Brasil. Isso pode ser visto na forma como certos grupos são favorecidos em detrimento de outros, resultando em disparidades significativas em termos de representação política, oportunidades econômicas e tratamento pela polícia.

QUADRO 1 – ESTATÍSTICAS RECENTES SOBRE O PRECONCEITO NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Essas estatísticas destacam a prevalência do preconceito racial, étnico e de gênero na sociedade brasileira.

Os impactos psicológicos do preconceito na sociedade brasileira são profundos e variados. O preconceito e a discriminação podem levar a uma série de consequências psicológicas negativas, incluindo depressão, ansiedade, raiva e baixa satisfação com a vida [5].

Por exemplo, os indivíduos indígenas que vivem em áreas urbanas no Brasil enfrentam invisibilização e preconceito constantes. Isso pode levar a sentimentos de exclusão, marginalização e estresse, que por sua vez podem ter impactos significativos na saúde mental desses indivíduos [6].

Além disso, o preconceito cultural e a discriminação contra as minorias sociais podem ter impactos psicológicos, institucionais, de saúde, de trabalho e socialização e culturais nos grupos-alvo. Isso pode resultar em baixa autoestima, isolamento social e dificuldades no local de trabalho [7].

Portanto, é crucial abordar o preconceito na sociedade brasileira não apenas para promover a igualdade e a justiça social, mas também para melhorar o bem-estar psicológico dos indivíduos afetados.

QUADRO 2 – ESTATÍSTICAS RECENTES SOBRE O PRECONCEITO DE GÊNERO NA SOCIEDADE BRASILEIRA

O trabalho doméstico, muitas vezes realizado por mulheres como donas de casa, é uma parte essencial da economia. No entanto, esse trabalho é frequentemente desvalorizado e invisibilizado, pois não é reconhecido como economicamente produtivo na mesma medida que o trabalho remunerado. Isso ocorre apesar do fato de que as tarefas domésticas – como cozinhar, limpar, fazer compras e cuidar de crianças ou idosos – são cruciais para o funcionamento da sociedade.

Esse preconceito pode ter várias consequências negativas. Por exemplo, pode contribuir para a desigualdade de gênero, pois as mulheres que realizam trabalho doméstico não remunerado podem ter menos tempo e oportunidades para participar do trabalho remunerado. Além disso, pode levar a uma falta de reconhecimento e valorização do trabalho doméstico, o que pode afetar a autoestima e o bem-estar das mulheres que realizam essas tarefas.

É importante desafiar esse preconceito e reconhecer o valor do trabalho doméstico. Isso pode envolver a promoção de políticas que reconheçam e valorizem o trabalho doméstico, como a provisão de benefícios sociais para as donas de casa. Além disso, pode envolver a mudança de atitudes sociais para valorizar e respeitar o trabalho doméstico como uma contribuição importante para a sociedade.

As mulheres enfrentam uma “dupla jornada” quando se trata de trabalho remunerado e não remunerado. Em média, as mulheres gastam o dobro do tempo em trabalho doméstico e quatro vezes mais tempo em cuidados infantis do que os homens. Isso resulta em uma “carga dupla” de trabalho remunerado e não remunerado, o que pode ter impactos significativos na capacidade das mulheres de competir igualmente no mercado de trabalho [10].

A luta das mulheres para conciliar as responsabilidades de cuidado com o emprego remunerado pode levar ao “rebaixamento ocupacional”, onde as mulheres escolhem empregos de meio período ou empregos de habilidades mais baixas para equilibrar seus “deveres domésticos” com seus empregos remunerados. Isso pode resultar em mulheres aceitando condições de trabalho mais pobres e escolhendo empregos abaixo do nível de suas habilidades [11].

Além disso, a carga dupla de trabalho tem efeitos diferenciais, com o estresse doméstico parecendo afetar as mulheres mais do que os homens. Por exemplo, um estudo dos EUA descobriu que as desigualdades na divisão do trabalho doméstico e a parcela desproporcional das mulheres contribuíram substancialmente para as diferenças de gênero na depressão [12].

Portanto, a dupla jornada que as mulheres enfrentam tem impactos significativos em sua capacidade de competir igualmente no mercado de trabalho.

Considerações Finais

Explorando o preconceito na sociedade brasileira através da lente da Psicologia Social, com foco nas desigualdades raciais, étnicas, de gênero e socioeconômicas. Através de uma revisão da literatura e da aplicação de teorias relevantes, o artigo destacou a complexidade do preconceito e a necessidade de abordagens multifacetadas para combatê-lo.

As estatísticas apresentadas no artigo ilustraram a prevalência do preconceito na sociedade brasileira e os impactos psicológicos que isso pode ter nos indivíduos afetados. Além disso, o artigo destacou a importância de reconhecer e valorizar o trabalho doméstico, que é frequentemente desvalorizado e invisibilizado na sociedade.

Em conclusão, o preconceito é um problema complexo que requer uma abordagem multifacetada para ser efetivamente combatido. A Psicologia Social oferece uma lente valiosa para entender e abordar esse problema persistente na sociedade brasileira. Espera-se que este artigo contribua para a discussão contínua sobre o preconceito e inspire futuras pesquisas e intervenções nessa área.

Referências

  1. Sibley, C.G. e Barlow, F.K. (2016). An Introduction to the Psychology of Prejudice. In: Sibley, C.G. e Barlow, F.K., ed., The Cambridge Handbook of the Psychology of Prejudice, 1st ed. Cambridge: Cambridge University Press, pp.3-20.
  2. Race and Equality In Brazil. Disponível em: https://raceandequality.org/where_we_work/brazil/. [Acessado em 20 out. 2023].
  3. How Black Brazilians Are Looking to a Slavery-Era Form of Resistance to Fight Racial Injustice Today. Disponível em: https://time.com/5915902/brazil-racism-quilombos/. [Acessado em 20 out. 2023].
  4. Violence Against Women in Brazil: Context and Public Policies. Disponível em: https://link.springer.com/referenceworkentry/10.1007/978-3-319-95687-9_139. [Acessado em 20 out. 2023].
  5. Stereotypes, Prejudice and Discrimination. Disponível em: https://open.maricopa.edu/culturepsychology/chapter/stereotypes-prejudice-and-discrimination/. [Acessado em 20 out. 2023].
  6. We Are Made Invisible’: Brazil’s Indigenous on Prejudice in the City. Disponível em: https://pulitzercenter.org/stories/we-are-made-invisible-brazils-indigenous-prejudice-city. [Acessado em 20 out. 2023].
  7. Ethnicity, Color and Nationality: an Integrative Literature Review Regarding the Relation of Cultural Prejudice and Discrimination Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s43076-022-00199-y. [Acessado em 20 out. 2023].
  8. THE GENDER WAGE GAP IN BRAZIL. Disponível em: https://borgenproject.org/gender-wage-gap-in-brazil/. [Acessado em 20 out. 2023].
  9. A SnApShot of the StatuS of Women in Brazil 2019 Disponível em: https://www.wilsoncenter.org/sites/default/files/media/documents/publication/status_of_women_in_brazil_2019_final.pdf. [Acessado em 20 out. 2023].
  10. THE DOUBLE BURDEN: THE IMPACT OF ECONOMIC EMPOWERMENT INITIATIVES ON WOMEN’S WORKLOAD. Disponível em: https://iwda.org.au/resource/the-double-burden-the-impact-of-economic-empowerment-initiatives-on-womens-workload/. [Acessado em 20 out. 2023].
  11. Unpaid Care Work:  The missing link in the analysis of gender gaps in labour outcomes. Disponível em: https://www.oecd.org/dev/development-gender/Unpaid_care_work.pdf. [Acessado em 20 out. 2023].
  12. Women’s wellbeing and the burden of unpaid work. Disponível em: https://www.bmj.com/content/374/bmj.n1972. [Acessado em 20 out. 2023].

O impacto do preconceito: uma investigação sobre a discriminação racial, étnica, de gênero e socioeconômica na sociedade contemporânea está licenciado sob uma licença

¹Estou atualmente no oitavo período do curso de Psicologia, com uma paixão por entender a mente humana e ajudar os outros a superar seus desafios pessoais. Estou começando minha ênfase em Psicologia Clínica, com um interesse particular na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Acredito que a TCC oferece ferramentas valiosas para ajudar os indivíduos a reconhecer e mudar padrões de pensamento e comportamento prejudiciais. E-mail: [email protected] Lattes: https://lattes.cnpq.br/9907126574563127 ORCID: https://orcid.org/0009-0002-4162-9975

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