OIG

Uma análise do filme Baraka: Uma jornada visual e espiritual

Maria de Nazaré S. Gomes Castro¹
Yorrany Martins Braga²

Resumo

Este artigo analisa o filme Baraka (1992), uma obra cinematográfica que explora a vida, a natureza e os fenômenos tecnológicos em 24 países. Sem o uso de linguagem verbal, o filme se comunica através de imagens e sons, criando uma conexão humana universal. O artigo discute como Baraka aborda a consciência ambiental, mostrando a destruição da natureza e os impactos da urbanização e da guerra. Além disso, o artigo examina como Baraka utiliza recursos estéticos, como a montagem, a música e a fotografia, para criar um contraste entre o sagrado e o profano, o belo e o horrível, o natural e o artificial. O artigo também reflete sobre as possíveis interpretações e mensagens do filme, considerando as diferentes culturas e religiões retratadas. Conclui-se que Baraka é uma contemplação visual e espiritual da vida na Terra, oferecendo uma perspectiva sobre os lugares que estamos destruindo e onde podemos encontrar renovação.

Palavras-chaves: Baraka; Cinema; Conexão Humana; Consciência Ambiental; Urbanização; Guerra.

Abstract

This article analyzes the film Baraka (1992), a cinematic work that explores life, nature and technological phenomena in 24 countries. Without the use of verbal language, the film communicates through images and sounds, creating a universal human connection. The article discusses how Baraka addresses environmental awareness, showing the destruction of nature and the impacts of urbanization and war. In addition, the article examines how Baraka uses aesthetic resources, such as montage, music and photography, to create a contrast between the sacred and the profane, the beautiful and the horrible, the natural and the artificial. The article also reflects on the possible interpretations and messages of the film, considering the different cultures and religions portrayed. It is concluded that Baraka is a visual and spiritual contemplation of life on Earth, offering a perspective on the places we are destroying and where we can find renewal.

Keywords: Baraka; Film; Human Connection; Environmental Awareness; Urbanization; War.

Resumen

Este artículo analiza la película Baraka (1992), una obra cinematográfica que explora la vida, la naturaleza y los fenómenos tecnológicos en 24 países. Sin el uso de lenguaje verbal, la película se comunica a través de imágenes y sonidos, creando una conexión humana universal. El artículo discute cómo Baraka aborda la conciencia ambiental, mostrando la destrucción de la naturaleza y los impactos de la urbanización y la guerra. Además, el artículo examina cómo Baraka utiliza recursos estéticos, como el montaje, la música y la fotografía, para crear un contraste entre lo sagrado y lo profano, lo bello y lo horrible, lo natural y lo artificial. El artículo también reflexiona sobre las posibles interpretaciones y mensajes de la película, considerando las diferentes culturas y religiones retratadas. Se concluye que Baraka es una contemplación visual y espiritual de la vida en la Tierra, ofreciendo una perspectiva sobre los lugares que estamos destruyendo y donde podemos encontrar renovación.

Palabras clave: Baraka; Película; Conexión Humana; Conciencia Ambiental; Urbanización; Guerra.

Introdução

A Psicologia, como ciência do comportamento e dos processos mentais, oferece uma lente valiosa para explorar e interpretar o filme Baraka. O filme, que é uma jornada visual e auditiva através de 24 países, apresenta uma variedade de comportamentos humanos e interações com o ambiente natural e construído. A ausência de diálogo verbal em Baraka destaca a importância das expressões não verbais na comunicação humana. A Psicologia nos ensina que grande parte da nossa comunicação é não verbal, incluindo expressões faciais, gestos e linguagem corporal. Ao longo do filme, vemos inúmeros exemplos de comunicação não verbal, desde danças rituais até expressões de emoção. Além disso, Baraka apresenta uma variedade de ambientes, desde paisagens naturais até cidades movimentadas. A Psicologia nos ajuda a entender como esses ambientes podem influenciar nosso comportamento e bem-estar mental. Por exemplo, pesquisas mostram que a exposição à natureza pode ter benefícios para a saúde mental, como redução do estresse e melhora do humor. O filme também retrata várias formas de comportamento coletivo, como rituais religiosos e atividades urbanas. A Psicologia Social pode nos ajudar a entender esses fenômenos, explorando conceitos como conformidade, influência social e identidade grupal. Baraka nos convida a refletir sobre questões existenciais. O filme apresenta imagens poderosas de vida e morte, criação e destruição. A Psicologia Existencial explora questões como o significado da vida, a liberdade e a solidão.

Quadro 1 – Localizações registradas no filme Baraka [1]

PaísLocalização
BrasilFavela da Rocinha, Rio de Janeiro Porto Velho, Rondônia. Mina de Minério de Ferro de Carajás, Pará Rio de Janeiro, Rio de Janeiro São Paulo, São Paulo Ipanema, Rio de Janeiro Reserva Animal de Carajás, Pará Rio Preto – Minas Gerais. Represa Samuel Barragem e Lago, Rondônia Al Aukre, Pará Aldeia Caiapó, Pará
CambojaPhnom Penh Portão Tonle Om, Angkor Thom Templo de Preah Khan, Angkor Museu Tuol Sleng Prasat Bayon, Angkor Thom Angkor Wat Campos de Extermínio de Sansam Kosal, Phnom Penh Siem Reap Ta Prohm
ArgentinaCataratas do Iguaçu
AustráliaCachoeiras Gêmeas Cooinda, Território do Norte Jim Jim Falls, Território do Norte Água Amarela Ilha Bathurst, Território do Norte Parque Nacional Kakadu Uluru / Ayers Rock, Parque Nacional Kata Tjuta
ChinaRio Li Guilin Xi’an Cidade murada de Kowloon, Hong Kong Qin Shi Huang, Guerreiros de Terracota e Cavalos Praça da Paz Celestial, Pequim
EquadorBairro Mapasingue Cementerio Ciudad Blanca (Cemitério da Cidade Branca) Guayaquil Ilhas Galápagos
EgitoCairo Pirâmides em Gizé Ramesseum Templo de Karnak Cidade dos Mortos Templo de Luxor
FrançaCatedral de Chartres, Eure-et-Loir Catedral de Reims, Marne
ÍndiaMadras Templo de Vandharajan, Varanasi Templo Kailashnath, Varanasi Aterro Sanitário da Cidade, Calcutá Ganges Ghats, Varanasi Museu Nacional da Índia, Nova Deli
IndonésiaKediri Tabanan, Bali Borobudur Mesquita Istiqlal, Jacarta Gudang Garam Fábrica de cigarros, Kediri Templo de Uluwatu, Bali Vale do Monte Bromo Templo de Gunung Kawi, Bali Tegalalang Arroz Paddy, Bali Candi Perwara, Candi Nandi, Prambanan Jogjakarta – Templo de Prambanan Palácio Kasunanan – Festival Solo-Sektaten, Surakarta Tampak Siring
IrãPersépolis Mesquita Shāh, Isfahan Mesquita Shāh Chérāgh, Shiraz
IsraelMuro das Lamentações, Jerusalém Igreja do Santo Sepulcro, Jerusalém
JapãoSantuário Meiji, Tóquio JVC Yokosuka Factory, Tóquio Nagano Springs, Yamanouchi-machi, Quioto Estação JR Shinjuku, Tóquio Green Plaza Capsule Hotel, Tóquio Templo de Hokke-Ji, Nara Quioto Tóquio Estação de Shibuya, saída de Hachikō Templo de Zōjō-ji Templo Ryōan-ji, Quioto
QuêniaLago Magadi Mara Rianta Manyatta Kichwa Tembo, Maasai Mara
KuwaitArruda Estrada Jahra-Basra, Mitla Ridge Campo de Burgan
NepalMonte Thamserku, Himalaia Hanuman Ghat, Bhaktapur Monte Everest, Himalaia Swayambhu Stupa, Catmandu Templo de Pashupatinath, Kathmandu Boudhanath Stupa, Catmandu Praça Durbar, Bhaktapur
PolôniaBytom Auschwitz Oświęcim
Arábia SauditaMeca
TanzâniaLago Natron
TailândiaSoi Cowboy, Banguecoque NMB Factory, Bang Pa-ln, Província de Ayutthaya Wat Arun, Banguecoque
Figura 1 – Mapa com todas as 152 locações registradas no filme.

Aspectos culturais e sanitários da Índia

A Índia, com sua rica tapeçaria cultural e espiritual, é um dos locais mais memoráveis retratados no filme Baraka. O filme captura a essência da vida na Índia, desde os rituais sagrados realizados nas margens do rio Ganges em Varanasi até a agitação da vida urbana em Madras e Calcutá. A inclusão do National Museum of India em Nova Deli também destaca a rica história e o patrimônio cultural da Índia.

Cada local oferece uma visão única da diversidade e complexidade da Índia, tornando-a um dos destinos mais fascinantes apresentados em Baraka. A representação da Índia no filme serve como um lembrete poderoso da beleza, espiritualidade e resiliência que definem este país incrível. 

A pandemia de COVID-19 na Índia foi uma questão de grande preocupação. Até 12 de outubro de 2023, a Índia registrou 44.999.328 casos confirmados de COVID-19 com 532.034 mortes, segundo estatísticas do Worldometer  (Worldometer, 2023) [2]. A situação é ainda mais desafiadora devido à densidade populacional do país e à infraestrutura de saúde sobrecarregada.

Em relação ao rio Ganges, ele é considerado sagrado e reverenciado na tradição hindu, sendo visto como a personificação da deusa Ganga. No entanto, o rio enfrenta sérios problemas de poluição. Mais de 1 bilhão de litros de esgoto bruto fluem para o rio todos os dias. Além disso, resíduos plásticos e industriais, como águas residuais dos curtumes que ficam às margens do Ganges, são outra causa de poluição, como cita Subhamoy Das (Learn Religions, 2023, para. 15) [3].

Figura 2 – Homem realiza ritual parcialmente mergulhado no Rio Ganges

A poluição do Ganges tem implicações diretas para a saúde pública, especialmente durante uma pandemia. A contaminação microbiana do rio pode contribuir para a propagação de doenças infecciosas. Além disso, pesquisadores descobriram a emergência de “superbactérias” resistentes à maioria dos antibióticos comumente usados em amostras de água do Ganges. 

No entanto, apesar da poluição, muitos hindus acreditam na natureza purificadora do rio e realizam rituais nas suas margens ou nas suas águas, acreditando que isso trará fortuna e purificará o fiel. Isso inclui banhos rituais e até mesmo pequenos goles da água do rio.

Figura 3 – Mulher se purifica nas águas do Rio Ganges.

Esses rituais fazem parte da cultura e da religião hindu, que considera o rio Ganges como uma manifestação da deusa Ganga, a mãe de todos os seres vivos. Além disso, os hindus cremam seus mortos nas margens do rio e jogam as cinzas ou os corpos inteiros na água, esperando que isso liberte as almas dos ciclos de reencarnação. Dessa forma, o rio Ganges é um símbolo de vida e morte, de pureza e impureza, de sagrado e profano.

Portanto, é crucial abordar tanto a situação da pandemia quanto os problemas sanitários do rio Ganges. As práticas culturais e religiosas em torno do rio devem ser levadas em consideração ao implementar medidas para melhorar a qualidade da água e promover práticas seguras durante a pandemia, segundo o Fórum Econômico Mundial (World Economic Forum, 2021, para. 9) [4]. 

Figura 4 – Margens do Rio Ganges.

Ta Prohm um exemplo poderoso da interação entre o homem e a natureza

Ta Prohm é um dos locais notáveis apresentados no filme Baraka. Este templo, localizado em Angkor, Camboja, é conhecido por sua aparência mística e atmosfera única. As árvores gigantes e suas raízes entrelaçadas que crescem sobre as estruturas do templo criam uma visão impressionante, onde a natureza e a arquitetura humana parecem estar em um abraço eterno. No entanto, segundo Atlas Obscura (Atlas Obscura, 2023, para. 3): Enquanto escavavam e restauravam os outros templos, os arqueólogos tinham que se certificar de que as raízes gigantes das árvores que envolviam Ta Prohm não deterioraram ainda mais a estrutura ou a tornam perigosa para visitar [5].

No filme Baraka, Ta Prohm é apresentado como um exemplo poderoso da interação entre o homem e a natureza. As imagens do templo servem para destacar a transitoriedade da existência humana em contraste com a persistência da natureza.

Figura 5 – Templo de Ta Prohm em Angkor,  Camboja.

Os néons de Soi Cowboy

Soi Cowboy é uma das localidades apresentadas no filme Baraka. Uma área vibrante de vida noturna em Bangkok, é conhecida por seus bares coloridos e clubes noturnos. Por outro lado, a Psicologia Ambiental é um campo que busca entender como as condições ambientais influenciam nossas capacidades cognitivas e comportamentos sociais. 

Figura 6 – Pessoas com trajes íntimos em Soi Cowboy.

Utilizando os princípios da Psicologia para entender o ambiente de Soi Cowboy. A iluminação neon, a música alta e a multidão animada são elementos que podem influenciar o comportamento das pessoas que visitam Soi Cowboy. Segundo o psicólogo Patrik Sörqvist, que conceitua em seu artigo (Grandes Desafios em Psicologia Ambiental, 2016, para. 1): “O comportamento humano e a vida mental incluem, mas não se limitam a, percepção e cognição, emoção, estresse e fadiga mental, tomada de decisões e interações sociais, como se manifestam no comportamento encoberto e evidente.” [6]

Além disso, a maneira como as pessoas interagem em Soi Cowboy pode ser moldada pelo ambiente. A proximidade dos bares e a natureza aberta do local podem promover mais interações sociais.

Dependendo das experiências individuais, passar tempo em Soi Cowboy pode ter diferentes impactos na saúde mental das pessoas. Para alguns, pode ser uma forma de relaxamento e diversão, enquanto para outros pode ser uma fonte de estresse ou ansiedade.

A percepção do ambiente de Soi Cowboy pode variar entre as pessoas. Alguns podem vê-lo como um local divertido para sair, enquanto outros podem percebê-lo como um lugar barulhento e caótico. Portanto, a Psicologia Ambiental fornece uma estrutura útil para entender como o ambiente de Soi Cowboy pode influenciar o comportamento e as experiências das pessoas.

Embora Soi Cowboy em Bangkok não seja para todos, com todas as luzes brilhantes e garotas (e garotos) locais tentando atraí-lo para dentro, é fascinante a experiência ver todas as idas e vindas em Soi Cowboy com seus próprios olhos e as luzes de néon são visualmente incríveis.

Existem cerca de 25 a 30 bares ao longo da faixa principal de Soi Cowboy, muitos com jovens senhoras (e ladyboys) sentadas do lado de fora tentando atraí-lo para dentro. A maioria dos bares em  Soi Cowboys têm pequenas áreas de estar ao ar livre – a maior parte da ‘ação’ acontece dentro e longe dos olhos curiosos do lado de fora.

Dilemas éticos complexos e multifacetados da indústria animal

A criação industrial de frangos, como a que ocorre em muitas fazendas em Santa Cruz, Califórnia, retratada em Baraka, e em todo o mundo, levanta uma série de questões éticas profundas que podem ser examinadas sob a lente da psicologia. Segundo Broom DM (Comportamento e bem-estar de animais domésticos, 2010) demonstra: ”A denominada “bioética institucional” visava proteger os participantes de pesquisa humanos e animais não humanos. Acompanhando os debates sobre normatizações de estudos com humanos, a ética animal se apoiou no avanço científico proporcionado pela consolidação da ciência do bem-estar animal (BEA)”  [7].

Primeiro, temos o dilema do tratamento dos animais. A psicologia nos ensina que os seres humanos têm a capacidade de empatia, a habilidade de entender e compartilhar os sentimentos dos outros. Quando aplicamos essa empatia aos frangos em fazendas industriais, podemos começar a questionar se é justo ou correto submeter esses animais a condições de vida severas e abusivas apenas para a produção de ovos e alimentos.

Em segundo lugar, as condições de vida dos frangos em fazendas industriais são uma fonte significativa de angústia. A psicologia nos mostra que o ambiente em que vivemos tem um impacto profundo em nosso bem-estar mental e físico. Se isso é verdade para os humanos, não seria também verdade para os frangos? Eles são privados da chance de tomar banhos de poeira, sentir o calor do sol para manter a temperatura do corpo, respirar ar fresco e limpo e empoleirar-se nas árvores.

O impacto ambiental da indústria avícola é outro dilema ético. A psicologia nos ensina sobre o conceito de dissonância cognitiva – o desconforto mental que experimentamos quando mantemos duas crenças contraditórias. Podemos amar frango e ovos, mas também nos preocupamos com o meio ambiente. Como reconciliamos o fato de que a indústria avícola é uma das principais causas da degradação ambiental?

Figura 7 – Colaboradora realiza um procedimento de debicagem num pintinho. 

O uso de antibióticos na pecuária é outra questão ética. A psicologia social pode nos ajudar a entender por que alguns agricultores continuam a usar antibióticos, apesar dos riscos conhecidos. Eles podem estar sujeitos à pressão do grupo ou ao medo de perder participação no mercado. Conforme aponta David Arioch (Uso de antibióticos na pecuária é mais grave do que parece, Nov. 2020): ”Há uma tendência predominante ainda em ignorar que o uso excessivo de antibióticos pode desencadear um dos maiores problemas do nosso tempo, já que quanto mais animais criados para consumo, maior será o uso desses medicamentos. Ademais, como achar normal que, com base em dados da OMS, até 80% do volume mundial de antibióticos seja utilizado somente na pecuária?”

Figura 8 – Colaboradora seleciona pintinhos numa esteira.

Finalmente, há o impacto na saúde humana da produção agrícola. A psicologia pode lançar luz sobre porque continuamos a consumir produtos que sabemos que são prejudiciais à nossa saúde. 

A psicologia pode desempenhar um papel crucial na melhoria das condições dos animais em fazendas industriais. Através do estudo do comportamento animal, também conhecido como etologia, podemos entender melhor as necessidades dos animais e projetar sistemas de fazenda que atendam a essas necessidades. Por exemplo, fornecer aos frangos acesso a áreas ao ar livre onde possam tomar banhos de poeira e empoleirar-se em árvores.

Além disso, a psicologia social pode nos ajudar a mudar as atitudes humanas em relação ao tratamento dos animais. Campanhas de conscientização e educação podem ser usadas para informar o público sobre as condições em fazendas industriais e promover atitudes mais compassivas em relação aos animais.

A psicologia ambiental, que estuda a relação entre os seres humanos e seu ambiente, pode ser usada para promover práticas agrícolas mais sustentáveis que sejam melhores para os animais e para o meio ambiente.

Por fim, a psicologia também pode ser usada para apoiar a saúde mental dos agricultores, que muitas vezes trabalham sob condições estressantes e desafiadoras. Ao apoiar a saúde mental dos agricultores, podemos ajudá-los a tomar decisões mais éticas e em relação aos animais sob seus cuidados. Alguns dos fatores que podem afetar a saúde mental dos agricultores são: a instabilidade econômica, as mudanças climáticas, o isolamento social, a pressão dos consumidores e as normas culturais. Esses fatores podem gerar ansiedade, depressão, burnout e até mesmo suicídio entre os agricultores. Por isso, é importante oferecer aos agricultores serviços de apoio psicológico, como terapia, grupos de autoajuda, educação e prevenção. Esses serviços podem melhorar o bem-estar dos agricultores e aumentar sua capacidade de lidar com os desafios do seu trabalho.

As conexões históricas e espirituais do Tempo Zōjō-ji

O Templo Zōjō-ji, localizado em Tóquio, Japão, é um lugar que evoca uma sensação de conexão com a história e a espiritualidade. Foi retratado no filme Baraka, fundado em 1393, este templo é a sede principal da seita Jōdo-shū do budismo e tem uma forte ligação com a família Tokugawa, que governou o Japão durante o período Edo. Segundo o site Japan-Guide (Templo budista na base da Torre de Tóquio): ”O templo foi originalmente construído no ano de 1393 e mudou-se para sua localização atual em 1598 por Tokugawa Ieyasu que o selecionou como templo de sua família. O mausoléu da família está localizado na parte de trás do complexo e contém os túmulos de seis do xogun Tokugawa.” [9].

Figura 9 — Monge toca um sino no Templo Zōjō-ji.

A partir de uma perspectiva da psicologia ambiental, o Templo Zōjō-ji pode ser visto como um espaço que promove a reflexão e a introspecção. A arquitetura do templo, seus tesouros culturais e a atmosfera tranquila contribuem para uma experiência que pode ter um impacto profundo na mente dos visitantes.

Por exemplo, o cemitério para as crianças não nascidas, chamado de Jizō-dō, é um lugar onde os pais podem homenagear seus filhos perdidos colocando pequenas estátuas de pedra chamadas mizuko jizō. Este espaço oferece um ambiente onde os indivíduos podem processar suas emoções e encontrar algum grau de paz.

A proximidade do templo com a Tokyo Tower oferece um contraste visual impressionante entre o antigo e o moderno. Esta interação entre o patrimônio histórico e a modernidade pode levar os visitantes a refletir sobre a natureza transitória da vida e a importância de manter uma conexão com o passado.

O Templo Zōjō-ji é mais do que apenas um local histórico; é um espaço que pode ter um impacto significativo na psicologia dos visitantes através de sua arquitetura, simbolismo e atmosfera.

Figura 10 — Templo Zojo-ji e seu contraste com a Tokyo Tower

Os campos que exterminaram hoje ensinam

A psicologia ambiental explora a relação entre os seres humanos e o mundo externo. Ela examina como o ambiente natural e nossos ambientes construídos nos moldam como indivíduos. No caso dos campos de extermínio de Sansam Kosal, o ambiente construído foi usado para infligir danos extremos, o que inevitavelmente afeta a psicologia dos sobreviventes e da população em geral. Segundo o Doutor em Psicologia, Gabriel Moser conceitua (Psicologia Ambiental, 1998): “As dimensões sociais e culturais estão sempre presentes na definição dos ambientes, mediando a percepção, a avaliação e as atitudes do indivíduo frente ao ambiente. Cada pessoa percebe, avalia e tem atitudes individuais em relação ao seu ambiente físico e social. Por outro lado, inter-relação também quer dizer que estudamos os efeitos desse ambiente físico particular sobre as condutas humanas.” [10].

Os campos de extermínio são um lembrete sombrio do passado do Camboja e servem como um poderoso símbolo do trauma coletivo. A presença desses campos pode influenciar a maneira como as pessoas interagem com seu ambiente, possivelmente evocando sentimentos de tristeza, medo ou raiva. Além disso, esses locais podem afetar a identidade coletiva e individual, pois são uma parte inescapável da história do país.

Figura 11 — Mural com retratos das vítimas dos campos de Sansam Kosal em Phnom Penh, Camboja

Por outro lado, esses locais também são usados para educação e lembrança. Visitá-los pode ser uma experiência emocionalmente carregada, mas também uma oportunidade para aprender sobre a história e refletir sobre os horrores do genocídio. Isso pode levar a uma maior compreensão e empatia, o que pode promover a cura e a reconciliação.

Figura 12 — Cômodo com centenas de crânios humanos, vítimas do regime do Khmer Vermelho (o Partido Comunista do Kampuchea).

Os campos de extermínio de Sansam Kosal em Phnom Penh são um exemplo poderoso de como os ambientes construídos podem influenciar nosso comportamento, emoções e identidade. Eles destacam a importância da psicologia ambiental na compreensão de como interagimos com o mundo ao nosso redor.

Os Caiapós

Os índios caiapós, conhecidos como o povo do rio Xingu, são uma das várias subgrupos da grande nação Mebêngôkre (povo da fonte da água) que habitam uma vasta área que se estende pelos estados de Pará e Mato Grosso, ao sul da interseção entre questões ambientais, políticas e psicológicas na Amazônia brasileira.

Figura 13 — Integrante da aldeia Caiapó

O modo de vida dos Caiapós é quase inteiramente baseado na subsistência, mas que também convive com tecnologias modernas, como painéis solares, Politicamente, os caiapós se organizaram e conseguiram o reconhecimento jurídico de seu território. Apesar de sua organização política se assemelhar bastante com uma democracia, segundo o site Povos Indígenas no Brasil pontua: “Um chefe nunca toma uma decisão sozinho, ele não tem o poder para isso. Ele deve estar atento às necessidades, vontades e idéias que circulam no interior de cada grupo de categoria de idade, e logo que ele enxergar um possível consenso, o chefe deve formulá-lo de forma que todos o apóiem, como se a idéia fosse sua. No caso de discórdia, a categoria de idade dos mais velhos é consultada.” [11]. Eles protestaram contra a construção da barragem de Belo Monte e continuam a enfrentar a pressão do governo brasileiro para reduzir seus direitos e explorar seus recursos naturais. 

A situação política no Brasil tem impacto direto sobre eles, com as políticas governamentais muitas vezes favorecendo a exploração econômica em detrimento dos direitos indígenas.

Do ponto de vista psicológico, os caiapós enfrentam desafios únicos. A tentação de se envolver em atividades ilegais ou predatórias é uma realidade para alguns membros da tribo. Além disso, a transmissão de sua cultura para as novas gerações é uma tarefa difícil em um mundo cada vez mais globalizado.

Os caiapós são um povo resiliente que luta para preservar suas terras e tradições em face das pressões externas. Eles representam um exemplo vívido da interseção entre questões ambientais, políticas e psicológicas na Amazônia brasileira.

Figura 14 — Membro da equipe de filmagem de Baraka com membros da tribo Caiapó.

Considerações finais

A Psicologia oferece uma lente única para analisar o filme Baraka. Este filme, que explora a vida, a natureza e os fenômenos tecnológicos em 24 países através de imagens e sons, cria uma conexão humana universal que é fundamental para a Psicologia. Esta conexão é evidenciada na maneira como o filme retrata a interação entre os seres humanos e seu ambiente, seja ele natural ou construído.

A ausência de diálogo verbal em Baraka destaca a importância das expressões não verbais na comunicação humana, um aspecto fundamental da Psicologia. O filme nos permite observar uma variedade de comportamentos humanos e interações com o ambiente, que são influenciados pelas condições ambientais presentes. Isso nos lembra que a comunicação vai além das palavras e pode ser expressa através de gestos, expressões faciais e linguagem corporal.

O filme nos permite observar uma variedade de comportamentos humanos e interações com o ambiente, que são influenciados pelas condições ambientais presentes. Isso nos lembra que a comunicação vai além das palavras e pode ser expressa através de gestos, expressões faciais e linguagem corporal.

Além disso, Baraka aborda a consciência ambiental ao mostrar a destruição da natureza e os impactos da urbanização e da guerra. Estes são temas importantes na Psicologia Ambiental, um subcampo da Psicologia que busca entender como e por que o meio ambiente nos impacta e o que podemos fazer para melhorar nosso relacionamento com o mundo ao redor. O filme nos desafia a refletir sobre nosso papel na preservação do meio ambiente e as consequências de nossas ações.

Baraka também pode ser visto como uma contemplação visual e espiritual da vida na Terra através da lente da Psicologia. Ele nos oferece uma perspectiva sobre os lugares que estamos destruindo e onde podemos encontrar renovação. Ao fazer isso, ele nos desafia a refletir sobre nosso lugar no mundo e a considerar como nossas ações estão moldando o futuro do nosso planeta.

Baraka é um poderoso lembrete de nossa conexão com o mundo natural e uns com os outros. Ele nos convida a refletir sobre nossas ações e seu impacto no mundo ao nosso redor. Através do olhar da Psicologia, podemos ganhar uma compreensão mais profunda dessas questões complexas. Podemos entender melhor as motivações, as emoções e os comportamentos dos seres humanos em diferentes contextos culturais e ambientais. Podemos também reconhecer as semelhanças e as diferenças entre as diversas formas de expressão e de comunicação humana.

Além disso, podemos avaliar as consequências psicológicas e sociais da degradação ambiental e da desigualdade. Por fim, podemos buscar formas de promover a harmonia, a cooperação e a sustentabilidade entre os seres humanos e o planeta. Baraka é, portanto, um filme que nos desafia a pensar sobre o nosso papel na história da vida na Terra.

Em suma, Baraka é um poderoso lembrete de nossa conexão com o mundo natural e uns com os outros. Ele nos convida a refletir sobre nossas ações e seu impacto no mundo ao nosso redor. Através do olhar da Psicologia, podemos ganhar uma compreensão mais profunda dessas questões complexas. Podemos entender melhor as motivações, as emoções e os comportamentos dos seres humanos em diferentes contextos culturais e ambientais. Podemos também reconhecer as semelhanças e as diferenças entre as diversas formas de expressão e de comunicação humana. Baraka é, portanto, um filme que nos desafia a pensar sobre o nosso papel na história da vida na Terra.

Figura 15 – Capa do final do filme em Blu-Ray

Referências

  • BarakaSamsara.com. (2023, Out 19). “Baraka Filming Locations.” https://bit.ly/4668xqn 
  • Worldometer. (2023, Out 19). “India COVID – Coronavírus Statistics.” https://bit.ly/47jKtRJ 
  • Learn Religions. (2023, Out 19). “The Ganges: Hinduism ‘s Holy River.” https://bit.ly/3QNYKAA 
  • World Economic Forum. (2023, Nov 7). “The COVID-19 pandemic is creating a hunger catastrophe in India.” https://bit.ly/47jCQe4 
  • Atlas Obscura. (2023, Nov 21). “Ta Prohm – Siem Reap, Camboja – A battle between nature and architecture in the Cambodian jungle.” https://bit.ly/3sNKQW3
  • Patrik Sörqvist. (2023, Nov 21). “Grand Challenges in Environmental” https://bit.ly/3QPGLJ5
  • Broom DM, Fraser AF. Comportamento e bem-estar de animais domésticos. 4ª ed. Barueri: Manole; 2010.
  • David Arioch. (2023, Nov 21). “Uso de antibióticos na pecuária é mais grave do que parece” – https://bit.ly/3R91YPg
  • Japan-Guide (2023, Nov 21). “Buddhist temple at the base of Tokyo Tower” https://bit.ly/3SS8ECN 
  • Gabriel Moser (2023, Nov 21). “Psicologia Ambiental” https://bit.ly/46sdN7R 
  • Povos Indígenas no Brasil (2023, Nov 21). “Kayapó Xikrin” https://bit.ly/3Rbn6Vo

Figuras

  • https://www.barakasamsara.com
    Latitude: 25.310800552368 — Longitude: 83.010597229004
  • Latitude: 25.310800552368 — Longitude: 83.010597229004
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  • Latitude: 14.399999618530 — Longitude: 104.400001525880
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  • Latitude: 36.974098205566 — Longitude: -122.030998229980.
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    https://www.tcnj-japan.com/2019/02/zojo-ji-temple-wolverine/
    https://www.tcnj-japan.com/2019/02/zojo-ji-temple-wolverine/
  • Latitude: 11.558799743652 — Longitude: 104.916999816900
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  • Latitude: -6.207099914551 — Longitude: -52.702800750732
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